sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Mesmo com incertezas, desemprego na América Latina cai em 2011, e OIT elogia políticas para salário mínimo

São Paulo – A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que, a despeito do cenário mundial de incerteza, a taxa de desemprego na América Latina e no Caribe deverá ficar em torno de 6,8% em 2011, meio ponto abaixo do ano anterior e no menor nível desde meados dos anos 1990. Isso significaria 700 mil desempregados no setor urbano a menos em relação a 2010. Mas a falta de trabalho ainda atinge aproximadamente 15,4 milhões de pessoas. Os dados constam do Panorama Laboral, divulgado nesta quinta-feira (12) pela direção regional da OIT.

No documento, a entidade destaca também as políticas oficiais voltadas para o salário mínimo. "Isso serviu para proteger o poder aquisitivo dos salários mais baixos e o consumo, sem comprometer o emprego. Até outubro de 2011, em média, os salários mínimos em 18 países tiveram aumento de 4,5%", diz o relatório da OIT, assinado pela diretora regional para a América Latina e Caribe, Elizabeth Tinoco.

A avaliação é de que a região teve "bom desempenho econômico e de emprego, apesar do cenário de incerteza que prevalece na economia mundial e da grande instabilidade dos mercados financeiros, particularmente nos países mais desenvolvidos". A previsão é de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 4,5% em 2011. "Lideram essa expansão alguns países exportadores de matérias-primas da América do Sul mais articulados com a demanda das economias emergentes, como Argentina, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai, que cresceriam em torno de 6% em 2011."

O estudo também observa que as economias da região tiveram taxas elevadas de crescimento até o segundo trimestre, ainda que menores que as do período anterior. "O consumo privado e a demanda interna lideraram a recuperação", informa a OIT, citando ainda a tendência de alta dos preços de matérias-rimas - estimulando as exportações - e a entrada de capitais. Mas os países também enfrentaram pressões inflacionárias, com sinais de desaceleração no período mais recente. A projeção é de que a inflação deverá passar de 6,7%, em 2011, para 6% este ano, "à medida que se modere o crescimento econômico e se estabilizem os preços das matérias-primas".

A OIT aponta um indicador de melhoria na qualidade da ocupação, observando que nos primeiros três meses de 2011 – em relação a igual período de 2010 – o emprego assalariado aumentou mais do que o trabalho por conta própria na maioria dos países, com destaque para Argentina, Brasil, Costa Rica, México, Peru e Venezuela. Em outros, como Chile e Colômbia, o fenômeno foi inverso.

Até o terceiro trimestre, o rendimento médio teve aumento modesto (1,5%), diz a OIT, "em um contexto em que a inflação mostrou certo repique na maioria dos países da região, especialmente no caso de alimentos e combustíveis". Já os salários mínimos tiveram aumento "mais vigoroso", em média de 4,5%, superando 5% em dez dos 18 países com informações disponíveis. Na análise da entidade, essas práticas "confirmam a viabilidade de uma política de salários mínimos que considere tanto o custo da cesta básica como os ganhos de produtividade nas empresas e na economia".

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